No cenário da literatura latino-americana contemporânea, apresenta-se uma tendência a se elaborar narrativas ficcionais que combinem diferentes âmbitos da criação artística, unindo a escrita com as artes plásticas e conceituais. A isto se soma uma mudança na literatura dos anos 90, que nos leva a reconsiderar o que se compreende por valor da obra e sua relação com o cruzamento de fronteiras entre o cultural, o político e o econômico. É precisamente nesta tônica que se insere este livro, como proposta de trabalhar os sistemas de escrita desenvolvidos por três autores prolíficos: os argentinos Osvaldo Lamborghini e César Aira e o peruano-mexicano Mario Bellatin. Eles apresentam elementos que se interceptam, tais como uma necessidade quase obsessiva de escrever, motivados pela pulsão de criar uma figura de escritor a partir da publicação e da circulação das suas obras. Cada livro publicado integra uma espécie de performance que evidencia o valor de exibição da obra, construindo uma narrativa sem interrupções. As suas histórias tratam de um cotidiano bizarro e anômalo, em que todas as influências acumulam-se.