Este livro configura uma abordagem de um subtipo do corpus da literatura da diáspora sefaradita ocidental. Trata-se de obras escritas em espanhol e português por autores de origem judia, mas que viveram como cristãos nominais por duas ou mais gerações, em função da perseguição inquisitorial. Uma vez reinseridos no judaísmo, teria sido imperativo aos conversos ressignificar sua identidade. Para o fazerem, estes se serviram, entre outros instrumentos, da literatura. Neste sentido, o poema 'A La Salida de Lisboa', escrito em espanhol na Holanda do século XVII pelo português João Pinto Delgado, teria constituído uma ferramenta na busca pela reconstrução da identidade judaica do autor, como de seus pares. Tal reconstrução não se daria sem que fossem eliciados elementos próprios à cultura ibérica inquisitorial, incluindo as noções de nobreza e pureza de sangue, identificáveis na obra. Durante a análise, o autor mergulha nas contradições e ambiguidades que marcaram a trajetória dos judeus ibéricos, explicando-as por meio de um agradável passeio por sua produção literária.