O Tetraneto Del-Rei, do paraense Haroldo Maranhão, é uma obra que mescla linguagens, gêneros, discursos e tece, nesse emaranhado de fios, algo de original que recria parte de nosso período de colonização questionando destrutivamente o discurso cristalizado pela história e por obras do nosso cânone literário de forma crítica e irônica, engendrando uma outra visão do processo de colonização. Assim, partindo da produção literária de países com colonização semelhante ao nosso, utilizo trabalhos de Silviano Santiago, Antonio Candido e Roberto Schwarz para a leitura. Além disso, destaco aspectos históricos e sociais da empreitada portuguesa, bem como discursos construídos acerca das terras recém descobertas e dos seus habitantes, os quais são reafirmados e reconstruídos pelo texto haroldiano. Nesse sentido, escritos quinhentistas auxiliam a demonstrar os aspectos do discurso colonial e sistematizá-los com base em Eni Orlandi, Homi Bhabha e Michel de Certau. Ademais, são enfatizadas estratégias literárias escolhidas pelo escritor para recriar ficcionalmente nosso período colonial.