Ao início do século XXI, as correntes e os partidos que polarizaram a discussão acerca da política nacional venderam as ideias de que o Brasil se transformara em um país de classe média e que sua canônica pirâmide social havia se metamorfoseado em um losango - milhões de pessoas teriam deixado as "classes D e E" para ingressarem na "nova classe média brasileira". Teria sido quando, no país, a "classe C", um contingente populacional que seria o maior do país, com mais de 100 milhões de brasileiros, começara a protagonizar o noticiário, os debates acadêmicos e políticos, as ações dos institutos de pesquisa e, ainda, as novelas televisivas e os artigos da indústria publicitária. O presente livro questiona e problematiza, a partir do arcabouço da Teoria Crítica, a perspectiva de que o Brasil teria alcançado o patamar de um país de classe média. A "classe C" seria, de fato, uma classe média com grande potencial de consumo, mediante seus salários direto e indireto, tal como ocorre nos países centrais do capitalismo, ou a expressão, que equaliza "classe C" e "classe média", seria um artefato ideológico que encobriria a real situação dos trabalhadores brasileiros?