O presente livro busca ampliar a discussão acerca da formação da identidade na relação com o outro, a partir da leitura dos contos da obra "A bela e a fera", de Clarice Lispector. A escolha dessa obra como objeto de estudo se deve, principalmente, pelo fato de que é recorrente nesses contos a busca dos personagens pelo reconhecimento de si mesmos e da própria identidade. Como operadora de leitura na análise dos contos, adotamos a teoria psicanalítica, que, assim como a literatura, afirma a potência do inconsciente nas motivações humanas, bem como endossa a importância dos afetos, das fantasias e dos desejos no processo de subjetivação. Percebemos que, embora o texto literário seja espaço possibilitador de muitas interpretações, ainda assim, é incapaz de transmitir todo o real que a realidade comporta, e, dessa maneira, reconhece os limites da representação e da linguagem, fazendo disso causa de criação. De forma semelhante, será a partir de sua própria falta e vazio constituintesque o sujeito se movimentará na criação de sua própria identidade, residindo aí, um dos pontos de maior convergência com a arte literária.