Neste trabalho procuramos analisar como se dá a construção do discurso irônico nas crônicas políticas de Luis Fernando Veríssimo. Para tanto, foram selecionadas trinta crônicas publicadas no jornal O Globo, no ano de 2004. Em primeiro lugar, fizemos um levantamento teórico com autores contemporâneos que trabalharam a questão da ironia. As concepções selecionadas para compor o quadro teórico deste trabalho são: a) a ironia como menção (SPERBER; WILSON, 1978); b) a ironia como contradição argumentativa (BERRENDONNER, 1987); c) a ironia como fenômeno polifônico (DUCROT, 1987); d) a ironia como tropo (KERBRAT-ORECCHIONI, 1980). Em segundo lugar, a ironia foi elaborada do ponto de vista argumentativo, destacando-se a polifonia como uma de suas estratégias de argumentação. Em terceiro lugar, foi feita uma breve reflexão sobre a questão do gênero. Tendo como base a noção de Foucault (1972) sobre formação discursiva, a definição de gênero proposta por Bakhtin (2003) e concepções atuais advindas da formulação bakhtiniana, tentamos chegar a uma caracterização do gênero crônica. Por fim, foi feita uma análise das crônicas selecionadas, tendo em vista o quadro teórico montado.