A música popular brasileira protagonizou a cena midiática, notadamente da televisão, no Brasil das décadas de 1960 e 1970. Havia, nas grades de programação das emissoras de canais abertos, espaço para a veiculação de um repertório musical pautado pelo acuro poético em busca de um discurso literário-musical sofisticado, estruturado pelo amplo e diversificado uso dos recursos de linguagem literária (nas letras) e musical (na construção de melodias, harmonias e ritmos das canções). A partir da década de 1980, nota-se um processo de empobrecimento discursivo na programação musical dos canais abertos da mídia televisiva brasileira. Concomitantemente a esse processo de empobrecimento poético e estético, ao qual denominamos "desmusicalização da mídia", assistimos a uma espécie de "hipermidiatização da música", agora presente em diversas mídias que permitem ao ouvinte o acesso, o armazenamento, o compartilhamento de músicas e a audição em movimento. Possivelmente, ao perder o papel de protagonista da mídia televisiva, a canção popular caracterizada pelo acuro poético e por um padrão estético de excelência tenha encontrado abrigo no fragmentado complexo midiático contemporâneo.
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