Esta obra pode ser lida como um exercício de reflexão histórica e sociológica que gravita em torno do tempo e do espaço específico de instituição de uma colônia de migrantes europeus no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, no sul brasileiro. Observa com mais atenção o período de meados do século XIX e início do século XX, da fundação da colônia Blumenau no período imperial à condição de cidade na Primeira República. A vinculação genética com as redes de transporte marítimo favoreceu a criação de uma classe comercial assentada no domínio sobre os meios de produção e distribuição dos recursos da região. Esta vinculação direta com a economia alemã pode ser definida como elemento singularizador da formação política da região do Vale do Itajaí em relação ao restante do país: a cidade de Blumenau constitui caso específico em que as bases institucionais da economia foram erigidas a partir de dupla articulação dependente, entre o lobby comercial alemão e o desenvolvimento da economia de mercado no Brasil.