Transcorria em aparente calma o ano de 1960, no Brasil. O presidente Juscelino Kubitschek colhia os louros da transferência da capital federal para Brasília sob seu comando, e não eram aparentes, então, os indícios da erupção política latente, como vulcão em preaquecimento, prenunciando os anos sombrios que se avizinhavam. Mas naquele 12 de dezembro, tudo era curiosidade e admiração. Desembarcando em Recife, em aeronave da Ethiopian Airlines, acabava de pisar em solo pátrio nada menos que a lendária figura de Sua Majestade Imperial Hailé Selassié I, o Eleito de Deus, Leão de Judá, Reis dos Reis, em amárico, o Negusta Negest ze ethiopia, seu título oficial como Imperador da Etiópia. Os dados e informações sobre a Etiópia monárquica e a atual que mencionamos são apenas apontamentos e resumos de informações históricas conhecidas, lastreadas em fontes públicas, não se constituindo este trabalho em uma História da Etiópia, pois o estudo e apresentação das milenares e multifacéticas nuances culturais o desviaria de seu foco. Os estudos jurídico-dinásticos que compõe o Livro II foram inspirados como homenagem ao ilustre Professor Doutor Waldemar Baroni Santos, Mestre, primus inter pares.