Este livro demonstra que a linguagem é mais do que as suas características estruturais formais e, do mesmo modo, mais do que a sua função comunicativa e de nomeação. Uma análise crítica dos manifestos eleitorais nacionais de 1999, 2004 e 2009 do Congresso Nacional Africano (ANC) - o partido no poder na África do Sul (SA) - revela que os dispositivos, estratégias e técnicas linguísticas são utilizados para criar afinidades entre o ANC e o leitor/ouvinte no que diz respeito às realizações do governo liderado pelo ANC, ao trabalho que ainda precisa de ser feito e para posicionar a visão do partido como uma visão partilhada por todos os sul-africanos; colocar o ANC em primeiro plano como a organização que não só trouxe a liberdade à África do Sul, mas que liderou de forma singular a luta pela liberdade e pela mudança; colocar em segundo plano e omitir outras formações políticas e o papel que desempenharam nesta luta; e, através de estatísticas, números, intertextualidade e interdiscursividade, conferir ao ANC uma gravidade sistemática e científica. Todos estes dispositivos simbólicos contribuem para um discurso que funciona para posicionar o ANC como mais apto para governar a África do Sul do que outras formações políticas.