A experiência de investigar o significado da maternidade para as mulheres da etnia indígena Bribri, do Cantão de Talamanca, província de Limón, Costa Rica, é retomada através da metodologia etnopsicanalítica. Trata-se de uma rutura paradigmática a vários níveis, dado que, em primeiro lugar, implica que, a partir da investigação dita qualitativa, a casuística é validada no aprofundamento e singularidade da experiência de que os sujeitos dão conta. Em segundo lugar, isto só é possível através da escuta que é caraterística do trabalho psicanalítico. Assim, é possível uma leitura (interpretação) do que é dito pelo sujeito a partir de seus próprios significantes. É justamente aqui que o papel e os instrumentos adotados pela etnopsicanálise se desprendem do foco no objetivismo e na septicidade, permitindo que o pesquisador se envolva como sujeito que pesquisa a partir de um outro lugar, com outros significantes, o que enriquece seu trabalho e sensibiliza para o que esse conhecimento produz. É assim que ocorre a terceira rutura. A mulher, a mulher indígena Bribri e a maternidade são decodificadas, desmistificadas, ações que são transferidas para a pesquisadora, evidenciadas em suas perguntas.