Após mais de cinco séculos de dominação e exploração portuguesa, a Guiné-Bissau assume a difícil tarefa de constituir-se como nação e forjar sua identidade nacional. Acreditando que a literatura apresente papel singular em tal engenho, o presente trabalho busca, através da trilogia do autor do primeiro romance nacional, Abdulai Sila, analisar como essas complexas construções vêm-se alicerçando e erguendo. Os romances A Última Tragédia (1995), Eterna Paixão (1994) e Mistida (1997), por tratarem de diferentes períodos do território em questão, da colonização ao pós-independência, possibilitam uma análise abrangente e elucidativa. Sob a óptica dos Estudos Culturais, por meio do entrecruzamento entre o discurso histórico e o ficcional, o hibridismo pressuposto faz-se nítido. Às riquezas e belezas da cultura africana, expressas pelas diversas e diferentes etnias, unem-se aspectos culturais lusos, assim como elementos advindos e consequentes da realidade global e interconectada do mundo contemporâneo. Assim, a nação e a identidade guineense, ainda em processo de construção, já deixam entrever sua característica híbrida, em que o tradicional e o moderno entrelaçam-se.