Nosso interesse em Lev Tolstói está claro: trata-se de um dos maiores escritores da literatura universal. Nosso interesse na morte, no entanto, é obscuro, embora corajoso, alguns diriam, se formos nos ater à reputação por ela adquirida na sociedade contemporânea: a pior possível. O pavor incitado pela morte é das mais terríveis mazelas que aflige o homem nos dias de hoje. Segundo Philippe Ariès, este teria se instalado em definitivo no século XIX, levando grandes pensadores a abdicar da razão e entregar-se à irracionalidade do medo. Estatelado no cerne dessa era, Tolstói, em sua vida e obra, deixa transparecer o conflito que travaria sob o jugo do ocaso, propondo a questão que é esmiuçada ao longo desse livro: Há algum sentido na vida cuja ocorrência inevitável da morte não destrua? Por isso, atrelar o escritor à morte é, para todos os que tenham um mínimo de intimidade com sua trajetória, perfeitamente coerente, pois estão cientes de que esse caminho, ao contrário do que possa parecer, só poderá redundar na vida e esta é a nossa hipótese principal , já que, vagando pelos interstícios da danação, Tolstói tentaria desbravar o segredo do bem-viver. Para ele, morte é vida.
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