Quanto a isso, é consciente de sua impotência e das limitações que lhe são impostas pela linguagem poética que o eu-lírico declara: "é preciso saber dos ventos / da tensão das rochas / do equilíbrio dos fundos", como se uma espécie de conhecimento ulterior ao universo da palavra escrita pudesse habilitá-lo a conviver com a indizibilidade dessa palavra. Nessa concepção, infere-se que a poetisa, em constante busca de possibilidades para o seu dizer, percebe altamente reduzida a compatibilidade entre o pensamento lírico e a significação da palavra poética, uma vez que as palavras são incompletas e inapreensíveis, reafirmando a incongruência estabelecida entre o querer dizer e o poder dizer. Assim, resta à poetisa "guiar-se em direção / a quantos naufrágios / a vontade do mar / permitir", sugerindo que o fazer poético nunca contemplará inteiramente a intenção de quem escreve. Sob esse ponto de vista, percebe-se que a construção de um horizonte visível dilui-se constante e repentinamente, porque depende sempre de um determinado ponto de vista, reforçando o quão fugidia e transitória é a fixação da paisagem.