Uma leitura do Outono de Philippe Delerm revela um texto marcado pelo que é conhecido como o híbrido. Neste texto, o autor esbate as fronteiras entre os géneros literários e escolhe a pintura como o tema principal da sua escrita. Assim, a escrita abre-se a uma hibridização notável que combina prosa, poesia e o género epistolar, por um lado, e pintura e criação literária, por outro. Como resultado, Philippe Delerm confere à sua obra uma nova identidade genérica, uma identidade instável e flutuante, na encruzilhada da expressão literária e da criação pictórica. A fusão interdisciplinar neste texto permite a proliferação de uma estética híbrida subversiva que transcende as fronteiras entre géneros e mesmo entre o literário e o não literário. A pictórica deste romance é uma constante tanto temática como estética que, ao dobrar como autêntica poética de Paixão, Beleza e Verdade, oferece ao leitor novas perspectivas de leitura, representação e interpretação.