"Que terra é esta onde ninguém fala, onde as estrelas se recusam a brilhar? Pode ser em qualquer lugar, uma terra arrancada do seu solo, como em qualquer lugar, nas profundezas da consciência humana. Viver seria reconhecê-lo e trabalhar para a sua libertação, tal como no tempo o desafio à morte. Renascer é feito tanto de raízes adventícias como de traços. Mas não nos antecipemos. Por enquanto, nada. Aqui: ausência de uma coisa essencial, a angústia que provoca, a sua ferida. A espera escreve a sua elegia na sombra que lhe foge. Em A Soma do Nada, esta especificidade desvanece-se, as fronteiras derretem-se no universal. Aqui e ali, é verdade, um lembrete, como a respiração do harmattan, aquele vento ardente, ou a oração de um griot na savana. Temos de esperar pelos últimos poemas, antes de regressar a África. Até lá, apesar destas poucas referências, lendo este livro sem conhecer o autor, será que poderíamos facilmente adivinhar a identidade do autor? Em primeiro lugar, pela força que transmite à sua canção, ao mesmo tempo escura e solar, depois por alusões, imagens que fazem parte de uma nostalgia visceral, inerente ao continente negro. Pierrette MICHELOUD