Maquiavel, cidadão da Florença do Renascimento, foi e continua sendo uma referência obrigatória para aqueles que se propõem a estudar a política em sua essência. Suas análises acerca da relação entre ética e política nos dão um bom exemplo disso: propõe uma ruptura com a visão tradicional de que a política deve estar sujeita à ética. Para ele, uma política moralmente correta é ineficaz; caso se opte por uma política desvinculada da ética tradicional, poderá se ter à disposição os meios necessários para se obter sucesso. Maquiavel não está preconizando o uso de meios escusos para todos; na realidade, sua proposta ética possui limites bastante claros: as ações consideradas imorais apenas poderão ser usadas quando se trabalha para o ¿bem comum¿ do Estado. Demonstraremos que, contra a visão tradicional de que Maquiavel é imoral, sobressai outro Maquiavel, possuidor de um ideal ético e político, o Estado Republicano, em que é possível a melhor realização do ¿bem comum¿. Por isso, pode-se afirmar a existência de um projeto ético ¿ a república ¿, embora esse ideal não passe pelos mesmos caminhos da ética tradicional. Texto recomendado aos apreciadores da política como ciência.