A história original de Mulan, a lendária heroína que toma o lugar do pai em batalha para defender sua pátria, é descrita em um poema chinês que data do ano 500. No imaginário coletivo chinês, ela é uma jovem filial e leal que se sacrifica pelo bem comum maior. Isto contrasta com a correspondente visão individualista ocidental criada pelo 36º filme de animação Mulan (1998), da Disney. Uma vez que o filme foi comercializado na China, a Disney enfrentou dois desafios: tensões nas relações com o governo chinês e a tradução do filme em chinês a partir da versão original em inglês. O estudo das legendas é relevante aqui na tentativa de compreender as estratégias adotadas na tradução e a influência que tiveram na recepção do produto final em sua terra de origem. Da análise e comparação da tradução saem alguns aspectos muito interessantes, que trazem à luz a questão da autenticidade cultural. Hoje Mulan sai contaminado, não inteiramente chinês, mas também não inteiramente americano, mas sim uma combinação de velho e novo, tradicional e moderno.