Neste trabalho, analiso o aborto espontâneo, com base em autores da psicanálise que se dedicaram ao tema. Parto da premissa de ser fruto de um desejo inconsciente em negar a gestação, concretizado na forma de uma interferência sobre o corpo da mulher. Esse aborto tem lugar nas histórias individuais, só podendo ser assim compreendido. Vivenciá-lo faz erigir um sofrimento, pois a interrupção da gravidez é sentida como castração da capacidade criadora e da continuidade da existência, a qual seria possível por meio de um filho. Em função disso, é de fundamental importância a oferta de trabalho profilático nos serviços de saúde, que permita à mulher e família externarem os sentimentos, contribuindo para a elaboração de um luto pelo aborto espontâneo.