Se a mulher foi esquecida pela criminologia tradicional, o tem sido muito mais nas sociedades onde a estrutura de poder e cultura patriarcais ainda prevalecem. Se o trabalho da mulher em casa permaneceu ignorado, as mães encarceradas são, simplesmente, invisíveis, inclusive para a própria autora, como confessa na introdução, até que decidiu estudá-las. Se já é difícil encontrar homens intelectuais que se atrevam a pesquisar os infernos da exclusão - no fundo, a escolha do objeto de estudo mostra a aversão da cultura acadêmica a manchar as mãos com a miséria e a morte - mais ainda o é, logicamente, entre as mulheres. Por estas razões, creio que se devam valorizar trabalhos como este e parabenizar sua autora. Este livro demonstra o longo caminho que ainda falta ser percorrido no Brasil em matéria de direitos humanos, não apenas nas prisões, mas também, e, previamente, na política social, criando oportunidades para os mais desfavorecidos, em vez de estigmatizá-los e criminalizá-los.Fernando Gil Villa, Universidad de Salamanca.