O estudo traz como objeto, a obra Balada de Amor ao Vento, de Paulina Chiziane (2007). À luz da teoria de Fredric Jameson (1992), objetivou-se uma "releitura" do ato simbólico de escrita, de acordo com os três círculos concêntricos de interpretação defendidos em O Inconsciente Político. Sob historicização, o primeiro nível de leitura discorreu sobre os traços ininterruptos da obra estabelecendo relação entre ficção e fato histórico na intenção de chegar à ideologia da forma. No segundo nível, aconteceu uma ampliação do ato simbólico pela inclusão dos acontecimentos sociais em suas relações eminentemente contraditórias. O terceiro nível "desvendou" o conteúdo essencial da narrativa ao perscrutar os modos de produção, a história de África e Moçambique, as lutas pela independência e o sofrimento causado pelo ideologema impregnado nos discursos discriminatórios do colonizador. O resultado é uma releitura, compreendendo a obra como ato simbólico portador de um inconsciente político, apartir do desvelamento das contradições que, de modo romanesco, mascararam questões políticas, sociais e históricas - fundamentais para a construção de um sentido além do aparente na superfície do texto.