Este livro é fruto de meu trabalho há 15 anos. Muitas mudanças ocorreram no campo das relações étnico-raciais e da antropologia das populações afro-brasileiras. Nos dias atuais é corriqueiro se afirmar que os bailes black são espaços de construção identitária de parte das populações negras. Entretanto, essa era a novidade trazida por esse trabalho no início dos anos 2000. Félix nos apresenta como duas equipes de som paulistanas, a Chic Show e a Zimbabwe, foram responsáveis por reelaborar, entre os anos 1970 e 2000, uma tradição de festas que pode ser remetida ao início do século XX na cidade de São Paulo e que traduz a experiência social, cultural, histórica e política dos negros moradores da maior metrópole brasileira. O relato não é neutro e nem desinteressado politicamente, muito pelo contrário, sua elaboração parte de anos de militância no Movimento Negro Unificado (MNU) do autor. Sua aposta teórica é colocar à prova a maneira como essas personagens sociais elaboravam suas noções de pertencimento racial. Os achados surpreenderam o pesquisador assim como surpreenderão seus leitores.
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