Em Cabeça de Prédio (2016) , enquanto um drone sobrevoa o cais José Estelita, um narrador provoca o espectador. "Você mesmo aí, olhando, não consegue imaginar mil coisas mais interessantes do que treze prédios de luxo?". Para responder essa pergunta, depois de caminhar pelo terreno, de vivenciá-lo, não seria nenhuma surpresa que esse espaço se tornasse um lugar. A diferença entre espaço e lugar é que o primeiro é neutro, uma dimensão física, material, o segundo é psicológico, afetivo, impregnado das sensações e dos desejos do sujeito que o configura em sua imaginação. Construa na sua mente uma imagem do que você quer para esse vazio urbano e para todos os espaços nos quais você transita em uma cidade. Projete-os e compartilhe essa projeção. Esse é um dos gestos de Cabeça de Prédio, que coaduna como uma das atividades mais fundamentais para a produção democrática de uma cidade, afinal "uma cidade se inventa" aqui me aproprio do título do estudo sobre a história do centro do Reciferealizado por Claudia Loureiro e Luiz Amorim (1997).