No final da nossa investigação, é de notar que a técnica atual difere da dos antigos. Ao contrário da versão antiga da técnica, a dos Modernos baseia-se num processo de detenção. Já não é um simples desvelamento; pelo contrário, é uma provocação, impondo a sua própria lei à natureza. Transformou o homem moderno em Homo deus, um ser inteiramente poderoso que parece rivalizar com Deus. Graças ao seu carácter técnico, o homem transforma a natureza, que é suposto ser hostil. Mas o triste facto é que, por detrás da sua ação modificadora, está a ideia de transgressão. Com Gilbert Simondon, compreendemos que cada ação do homem da técnica moderna visa ultrapassar os seus limites para dominar. Para evitar que a sua ação seja destrutiva para si próprio e para o seu ambiente, o autor de Du Mode d'existence des objets techniques recomenda vivamente uma utilização racional da tecnologia. Por esta razão, é necessária uma verdadeira cultura técnica para regular qualquer desvio humano.