Este livro tem por intuito contribuir para a compreensão da construção social da infância brasileira. No caso, apresentando o tratamento dado ao tema creche em revistas brasileiras de Pediatria. O autor convida o leitor à integração de três campos de conhecimento: teoria de ideologia, teoria de gênero e estudos sociais sobre infância. Em nossa interpretação, apesar de todos os artigos, pelo menos mencionarem o termo creche, nem todos tratam da educação infantil. A creche, muitas vezes, sendo utilizada apenas como locus de pesquisa. A creche tratada, explícita e implicitamente, como um local de risco utilizado para suprir a ausência da mãe, principalmente para famílias de baixa renda. Tal interpretação ocorre, usualmente, associada à percepção de riscos de enfermidades, mobilizando sentidos de gravidade, de negatividade em relação à creche. No estudo apresentado nesta obra, observa-se ausência de informações sobre reação de crianças quando se utilizaram procedimentos invasivos. Concluímos que os discursos produzidos e veiculados pela Pediatria contemporânea podem ser interpretados como sustentando relações de dominação de gênero e idade, ou seja, são ideológicos.