O tema desta pesquisa é a noção de cristianismo no diálogo entre René Girard e Gianni Vattimo. Para tanto, argumenta-se que a ideia central que vincula os dois autores é a compreensão de cristianismo como kénosis. Aborda-se essa noção levando em conta a teoria girardiana do sagrado natural. A ideia de sagrado é estruturante, pois, a partir dele, sabe-se que o religioso funda-se na violência humana. O homem é governado por um desejo de apropriação mimética, o que conduz a rivalidades. A violência quando se exasperava nas sociedades primitivas gerava conflitos de tal ordem que se fazia necessário o sacrifício para conter a crise que ameaçava extirpar todo grupo. Do sacrifício expiatório nascia o sagrado que se sustentava nas formas de ritos, interditos e rememoração do sacrifício. O cristianismo, interpretado por Girard e Vattimo, revela e denuncia esse mecanismo fazedor de vítimas, indicando que a vítima é inocente. Portanto, para falar de kénosis e secularização, Vattimo recorre a essa ideia de perda dos elementos do sagrado. Com a dissolução do sagrado, o cristianismo aparece em sua forma enfraquecida, sendo a caritas um modo de rejeitar a violência humana.