Campos do Jordão tornou-se uma referência nacional, pelo turismo de luxo e gastronomia, mas para além dessa imagem, enquanto no Capivari os turistas desfrutam de um sonho europeu, na Verdadeira Campos do Jordão as famílias lutam para se manter aquecidas, em casebres de madeiras, muitas vezes, com os estômagos vazios. Uma população trabalhadora, que acorda cedo, enfrenta o frio e caminha por quilômetros para representar os papéis de garçom, recepcionistas, cozinheiras, promotores de eventos, balconistas e guias turísticos. Não há trabalho na cidade para todos. Menos ainda com direitos assegurados e especialmente para os mais jovens sobram poucas opções, além se submeter à exploração do Capivari, ou, meios de sobrevivência, não necessariamente lícitos. As poucas escolas da cidade não dão conta de qualificar a juventude e o contexto da cidade permite que casos de abusos praticados dentro das famílias não sejam levados ao conhecimento das Autoridades, o que institui uma subcultura permissiva em relação a esse assunto, que interfere até no funcionamento de instituições, como o Conselho Tutelar. Especialmente para as meninas isso é bem problemático, pois ocorre tanto a exploração da mão de obra, com acontecimentos repugnantes de "propostas" de trabalho que incluem muito mais do que a prestação do serviço oficial, quanto a prática de crimes sexuais dentro das famílias. É nesse contexto que se desenrolam as Crônicas de um Investigador: O trabalho cotidiano da equipe da Delegacia de Campos do Jordão na Investigação de Crimes Sexuais. Um ambiente que é conhecido por seu lado mais bonito, mas que esconde uma realidade brutal.
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