As comunidades rurais negras, no Brasil, muitas delas reconhecidas como quilombolas pertencem aos inúmeros grupos invisíveis e inaudíveis que são vistos e ouvidos apenas por suas produções ditas culturais. Os processos de folclorização não valorizam os elementos primordiais, mas apenas o espetáculo. Esta pesquisa de mestrado foi realizada durante 6 anos e evidencia aspectos da arte e do sagrado presentes na Dança do Congo, teatro ritual que ocorre no município de Livramento, Mato Grosso/Brasil. Esta expressão artística e identitária tem sofrido as pressões dos variados processos do capitalismo, tendo suas terras não reconhecidas como território tradicional. Seus dançantes resistem em função das relações devocionais entre eles e seu sentido de sagrado em formas de reorganizar sua noção territorial em atualização de conflitos e reinvenção pedagógica. As diferentes narrativas presentes evidenciam as disputas internas, mas também a força em resistir estética e poeticamente num contexto adverso. Destina-se a estudantes e professores da área de ensino em música, história e educação ambiental crítica na relação entre cultura e natureza.