Em tempos de globalização da educação, é crescente em todo o mundo o fluxo de estudantes de nível terciário que cruzam as fronteiras de seus países para buscar conhecimentos, parcerias em projetos de pesquisa e experienciar culturas. No início desta segunda década do século XXI, na euforia da política neodesenvolvimentista do Brasil, quase 100 mil participantes do Programa Ciência sem Fronteiras cumpriram parte de seus estudos no exterior. Embora os Estados Unidos tenham sido o principal país de destino, a língua inglesa, em razão da baixa proficiência apresentada pelos bolsistas, revelou-se o grande obstáculo desta política de mobilidade estrategicamente elaborada para impulsionar a internacionalização da pesquisa técnico-científica e o crescimento econômico do Brasil. Resultado de dois anos de pesquisa, o livro apresenta uma ampla análise interseccional do perfil dos estudantes, nomeadamente por gênero, raça e classe social, para desvelar o quanto as desigualdades e os privilégios latentes na sociedade e no sistema educativo do Brasil refletiram-se e perpetuaram-se no mais ambicioso programa de educação internacional da história do país.
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