"Dom Casmurro" é uma das obras-primas de Machado de Assis, publicada em 1899, que combina elementos de romance psicológico e análise social. A narrativa é construída a partir da perspectiva de Bentinho, um homem obcecado pela dúvida sobre a fidelidade de sua esposa, Capitu, o que gera reflexões profundas sobre a memória, a traição e a subjetividade da experiência humana. O estilo de escrita de Machado é marcado pelo seu humor sutil, ironia e uma prosa introspectiva, que desafia o leitor a questionar a veracidade dos relatos e a interpretação dos personagens. O contexto literário propõe um diálogo com o realismo e o romantismo, mas já antecipa traços do modernismo, colocando em pauta a construção da identidade e as relações sociais do século XIX no Brasil. Machado de Assis, um dos maiores escritores da literatura brasileira, nasceu em 1839 e teve uma vida marcada por desafios, incluindo a pobreza e a marginalização social, os quais influenciaram sua visão crítica sobre a sociedade. Através de sua experiência pessoal e suas observações como membro da elite intelectual brasileira, ele desenvolveu uma habilidade única para explorar a complexidade psicológica do ser humano, o que se revela em "Dom Casmurro". A obra reflete sua inquietação sobre a verdade das relações e a fragilidade das certezas, temas recorrentes em sua produção literária. Recomendo "Dom Casmurro" não apenas pela sua importância literária, mas também pela profundidade das questões que levanta, que permanecem relevantes até os dias de hoje. Sua leitura é fundamental para compreender a evolução da literatura brasileira e os dilemas existenciais que atravessam a condição humana. Os leitores que buscam não apenas uma história, mas uma reflexão sobre a natureza do amor, da ciúme e da identidade encontrarão nas páginas deste livro uma obra rica e provocativa.