Na minha busca por compreender o amor, percebo que, às vezes, o excesso de adornos pode obscurecer o sentimento genuíno. Por isso, peço ao tempo que me permita retornar aos dias passados, onde a beleza lírica era suficiente, sem alterar o curso da minha história. Evoco os deuses antigos para reviver os outonos em Grammaria, momentos em que lutei, amei e sofri. Foram dias de batalhas e noites de glórias, marcados pela cruel mão do destino, um tempo impiedoso que avança sem clemência. Esse tempo, implacável e indiferente, desafia nossas esperanças e anseios, sem reconhecer os próprios adornos de sua caprichosa existência. Ele não para, não muda e não sente. Embora tudo se dissipe como a névoa da primavera, desejei manter meu coração jovem ao frio, contido, como uma fera ferida a ser domada. No entanto, rapidamente aprendi que ele era indomável, um corcel galopando em busca de novos horizontes, além das convenções. Meu coração sempre foi livre, habitando as margens do meu ser e desafiando a sorte. Sob o olhar crítico do tempo, expus-me ao palco da vida, enfrentando as normas e a visão antiquada de um amor imposto. Mantive-me firme como um menestrel, martelando as incertezas em um mundo indiferente, enquanto tudo à minha volta definhava. A vida, no entanto, me conduziu por caminhos inesperados, e agora busco entender como navegar pelos decretos do amor que antes me eram estranhos. Como narrar essa história intrincada, se nem eu mesma consigo compreendê-la? Abandonei meu conforto e mergulhei numa paixão tempestuosa, que ardia no peito como o sopro de um dragão, intenso e avassalador. Nesse turbilhão, encontrei alguém que transformou minha vida. Esse alguém era um enigma, capaz de despertar em mim tanto prazer quanto dor. Nosso amor, tão profundo, abalava o chão sob nossos pés. Por um tempo, pensei que havíamos encontrado uma forma de escapar das regras que nos aprisionavam, acreditando que poderíamos permanecer juntos para sempre. Mas a realidade se impôs: famílias e tradições se ergueram contra nós, separando-nos. Foi como se o mundo tivesse sido virado de cabeça para baixo. Ele desapareceu sem despedidas, e eu fiquei, tentando juntar os pedaços do que restou. Temo que essa história possa se repetir, mas reconheço que o que vivemos me fortaleceu para enfrentar o futuro. Agora, sigo meu caminho, carregando a sensação de que ele observa de longe, entendendo que preciso trilhar essa jornada sozinha para descobrir quem sou de fato. Nossa história, repleta de altos e baixos, é tão genuína quanto a vida sem adornos. Tivemos momentos gloriosos e outros desafiadores, mas o amor sempre persiste como Sol no dia de chuva. Apesar de tudo, de algum modo, permanecemos conectados, como se o que vivemos transcendesse o tempo e o espaço. Assim, nossa história de amor ensinou-me lições valiosas sobre a vida. Após todas as provações, aprendi a amar verdadeiramente, e isso, por si só, fez tudo valer a pena.
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