Durante muito tempo pensou-se que os Tupi de Piratininga, que viviam no planalto onde surgiria mais tarde a cidade de São Paulo, teriam tido, frente aos jesuítas e aos colonos portugueses, uma postura de incondicional colaboração. Entretanto a documentação da época está demonstrando um quadro diverso, com grupos rebeldes, revelando que a Vila de São Paulo teve uma certa dificuldade para se consolidar naquele início de século XVI. A mestiçagem dos primeiros moradores levou ao surgimento de um tipo rude, o bandeirante, que se especializou no tráfico de escravos indígenas, com a destruição de muitos povos nativos. Reabilitado pela história oficial, esse aventureiro tornou-se herói, ofuscando a população nativa, que de certa forma desapareceu da história regional, exceto alguns colaboradores da colônia, como Tibiriçá e sua família. O presente livro procura ter um olhar mais profundo sobre o Tupi que ali vivia, sua cultura e seu espírito guerreiro, mostrando também a dualidade de postura entre a colaboração e a resistência.