No processo de transição para as relações capitalistas no Brasil houve a difusão de um ideário científico e modernizador, no qual a Medicina Sanitária, pautada nos modelos vigentes na Europa, foi parte significante ao propor uma drástica intervenção no espaço público, a fim de promover tanto o fim das recorrentes epidemias quanto elevar à salubridade e à organização dos centros urbanos no país. Juiz de Fora constitui-se como uma amostragem deste empreendimento que vigorou nos grandes centros nos primeiros anos da República. Amparados no aparato legal criado as autoridades sanitárias fiscalizavam, intimavam e multavam intensamente aos citadinos. Estes, por sua vez, reagiram de forma predominantemente velada ao movimento sanitário, procurando esquivar-se das medidas profiláticas e das multas aplicadas que intervinham diretamente em seu modus vivendi. As práticas sanitárias ocorridas em Juiz de Fora revelam-se bastante similares àquelas desenvolvidas nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, ainda que a primeira se localize no interior do Estado e não tenha a mesma proeminência das capitais.