Nos seus romances, Nadine Gordimer lança as sementes do otimismo para salvar o povo da África do Sul. A sua obra é um convite à fé numa nova África do Sul. De facto, ao mesmo tempo que contribui para a mudança, a escritora provoca uma crise psicológica para a conseguir. Através da sua escrita, ela justifica o facto de o homem branco, no seu desejo de controlar tudo, se ter enganado quanto às capacidades do homem negro. O funcionamento da sociedade sul-africana criou desigualdades. Estas desigualdades são a semente do sofrimento do povo. Para restabelecer o equilíbrio, o escritor tem de reagir, levantando questões e desafiando os actores da vida social. Por isso, era importante para Gordimer, enquanto mulher de letras, envolver-se através da literatura e ajudar a sociedade no seu conjunto a tomar consciência do mal que a corroía. A sua escolha de escrever sobre a esperança é uma revolução contra a ordem estabelecida. Exige uma mudança na política de gestão em vigor desde há décadas. Numa palavra, é preciso dar sentido ao sacrifício através das características da narrativa.