Este livro busca desvelar alguns aspectos da complexa relação entre escuta e escritura, no processo de composição musical. O compositor lida com esses dois pólos, ajustando a imaginação sonora à sua representação escrita. Mas não se trata apenas de representar, de codificar, pois a representação envolve de tal modo a imaginação, que direciona seus percursos e delineia seus limites. Por outro lado, a sensação sonora pode conduzir a imaginação musical a regiões que requerem novas formas de representação, ainda não codificadas. Há um constante jogo de forças entre escuta e escritura. Esse conflito exige ajustes periódicos nas categorias culturais utilizadas para mediar os dois pólos. Após uma investigação teórica sobre as condições em que se estabelecem a escuta e a escritura, proponho um conjunto de categorias que considero úteis na organização de um pensamento composicional contemporâneo: mapa temporal, tipos texturais, gesto e envelope. As questões tratadas neste trabalho abordamalguns dos problemas centrais com que se defrontam profissionais e estudantes envolvidos com a música contemporânea de concerto.