Este livro investiga o romance de Jorge Amado, Dona Flor e seus dois maridos, sob a ótica da Teoria da Carnavalização na literatura, fenômeno materializado na narrativa. A obra em análise tem, como pano de fundo, a fase ditatorial brasileira e o sistema de domínio, ordens e leis, oriundas do Golpe Militar de 1964. Tendo em vista que este romance foi publicado em 1966, trazendo resquícios deste período histórico, centramos-nos, no corpus desta pesquisa, em três personagens: Vadinho, Dona Flor e Teodoro, capazes de caracterizar um mundo em desordem pela falsa moralidade nas entrelinhas do sistema sociocultural brasileiro. O foco do estudo dar-se-á em torno do desejo de dona Flor como fio condutor do mundo às avessas. Como embasamento teórico, a Teoria da Carnavalização na literatura, do teórico russo Mikhail Bakthin, será trazida como suporte às análises. Da mesma forma, os estudos do antropólogo brasileiro Roberto Da Matta em torno do substrato do ritual carnavalesco e a Teoria dos Afetos, embasada nos estudos de Sigmund Freud e de Jacques Lacan, serão discutidos para o entendimento do mundo às avessas na obra de Jorge Amado.