O objetivo da presente pesquisa foi entender as boleadeiras num processo histórico contínuo; porém, com diferentes significados. A abordagem utilizada analisa o uso das boleadeiras pelas diferentes parcialidades indígenas do Sul Meridional, nas atividades da caça, da guerra e nos jogos, comentando sua transculturação para o cotidiano do peão campeiro que as utilizou no trabalho nas estâncias de gado. No entanto, após a domesticação dos animais, as boleadeiras perdem sua função técnica, mas continuam presentes no contexto cultural do gaúcho como um elemento simbólico que representa e fortalece a sua identidade riograndense. Nesta perspectiva, buscando compreender o simbolismo das boleadeiras nos diferentes períodos históricos, realizou-se uma etnografia em Uruguaiana /RS, na qual se abordou a memória oral dos gaúchos que confeccionaram e utilizaram as boleadeiras no trabalho rural. Na aldeia ¿Polidoro Povo Charruä, em Porto Alegre, efetuou-se um trabalho etnoarqueológico que destaca a maneira como os indígenas se apropriam das bolas de boleadeiras na construção dos seus discursos étnicos como um elemento simbólico que afirma a existência de seus ancestrais.