A Ilha Grande é um paraíso ecológico rico em biodiversidade. Sua história começa com sambaquis e índios, passa pelos corsários e colonizadores europeus, ganha fama quando se torna o "Caldeirão do Diabo" ao viver as marcas do sistema penitenciário e chega aos dias atuais onde o turismo mostra uma face de impulsionador do desenvolvimento e outra de vilão no que diz respeito a sociobiodiversidade. Neste cenário, as relações socioambientais se desenvolvem entremeio a vários conflitos, como entre "nativos" e turistas ou entre órgãos ambientais e moradores, sem falar daqueles entre especuladores e conservacionistas. Muitos estudos científicos sobre a ilha levam em conta a conservação do ambiente e a sua diversidade biológica. No entanto, não traçam paralelos entre esses fatores e os conflitos que lá existem ou com o modo de vida de suas comunidades que também transformam a paisagem. Desta forma, este trabalho procura criar uma ponte entre o ambiental e o social ao valorizar o conhecimento caiçara através de um estudo etnobotânico em duas comunidades singulares na ilha, Vila do Abraão e Praia da Longa. Esperando-se assim criar discussões que diminuam as dicotomias da Ilha Grande.