A naturalização da função da família contribuiu para pô-la no centro dos discursos não só dos especialistas, mas de toda a sociedade. Na medida em que muitas famílias não se adéquam ao modelo de "família ideal" e "privada", estigmas e estereótipos legitimados por atributos de valores morais as desqualificam. Essa desqualificação é um dos mecanismos utilizados a fim de justificar a intervenção dos profissionais da assistência social na relação interna da mesma. É o que ocorre com a família considerada "em vulnerabilidade social" cujas práticas sociais conferem um caráter de incompetência e culpa pelo não cuidado para com seus membros, desqualificando seus saberes, justificando, assim, a necessidade de controle e ingerência. Compreender que a família "em vulnerabilidade social" é uma produção de subjetividade, uma demanda produzida no contexto neoliberal pautada nas políticas de mercado que fundamentam as políticas de inclusão se faz necessário. Que família é essa? Como se deu sua construção/produção? A partir de que mecanismos a família pobre e "vulnerável" passou a ser objeto de controle e interferência? Essas e outras questões foram problematizadas nesse livro.