Ao longo de séculos, parcela significativa da população infanto-juvenil brasileira foi submetida à institucionalização. Fatores como pobreza, ausência de moradia e renda, alcoolismo e drogadição dos pais contribuíram para a retirada de crianças e adolescentes da convivência familiar e comunitária. Somente em 2009 a legislação brasileira enfatizou a necessidade do Estado assumir o papel de promotor de direitos sociais das crianças, adolescentes e suas famílias. Mas será que, em tempos de neoliberalismo, o Estado assumiu na prática essa tarefa? Este livro enfoca a história de vida das famílias que têm ou tiveram seus descendentes institucionalizados e o papel contraditório das equipes interprofissionais que atuam no Poder Judiciário, no Poder Executivo e no abrigo, bem como a intervenção (não menos contraditória) do Conselho Tutelar. Será que, de fato, a atuação desses atores sociais primam por valores éticos centrais como liberdade, autonomia e emancipação dos indivíduos sociais? Esta e outras indagações serão problematizadas ao longo desse livro, no intuito de construir uma nova cultura de intervenção nas famílias que prime pela efetivação de direitos sociais.
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