Entendendo o lugar como a porção do espaço constituído a partir das experiências dos seres humanos, e o bairro como uma unidade urbana de vivência coletiva, onde se pode compartilhar a existência do lugar, o livro procura analisar as relações sociais que individualizam Água Fria no espaço da Zona Norte do Recife. Partindo desta perspectiva, investiga-se o bairro à luz dos seus enredos, conceituados como determinados conjuntos de experiências intrínsecas ao lugar, responsáveis pelas ocasiões mais propícias ao envolvimento mútuo das pessoas, e, assim, pelo pulsar mais intenso da vida local. É o encontro diário na padaria, na feira livre ou no mercado, a festa do padroeiro, a folia de momo, os rituais do terreiro de Xangô... São as práticas mais singelas reveladoras de uma trama de relações situada no 'coração do bairro', caracterizado pela concentração dos principais pontos de encontro da população (a igreja católica, o mercado e a feira livre, as agremiações de cultura popular, o 'Sítio de Pai Adão' etc.), que regem o mundo vivido dos moradores, permitindo-os perceber as coisas comuns do lugar. Daí se apreende as particularidades da vivência local e sua identidade na cidade.