A implantação de hidrelétricas na Amazônia substitui extensas florestas de terra firme por áreas alagadas. Nessas áreas, a variação sazonal no nível da água alaga periodicamente as florestas adjacentes. Nessa obra, apresentamos como esse alagamento altera o serviço que as florestas de terra firme na Amazônia desempenham para o ciclo do carbono (C). Como isso acontece? No período em que o reservatório se enche, as florestas produzem três vezes mais folhas, reduzem o teor foliar dos nutrientes e a decomposição da matéria orgânica se torna bem mais lenta. Apesar disso, curiosamente, o alagamento aumenta o aporte de nutrientes e não favorece o acúmulo de serapilheira e nutrientes sobre o solo. Este se torna mais ácido, com menores teores de C e maior disponibilidade de N, após o alagamento. No entanto, o efeito acumulado dos ciclos de alagamento, desde a criação da hidrelétrica, reduz a acidez do solo e aumenta as perdas de C e N. Assim, as florestas deixam de ser sorvedouros para serem emissoras de C para a atmosfera. Por que isso acontece? Ao longo do livro, discutiremos os mecanismos e processos que explicam os impactos desse alagamento sobre a biogeoquímica da floresta.