De origem humilde e marginalizada, Hundertwasser saiu da Áustria nos anos 1950 para passar a vida produzindo arte, navegando o mundo em seu barco-ateliê e conclamando os homens ditos civilizados a se conscientizarem da urgência em devolver à natureza o que roubamos dela. Artista de múltiplas técnicas e meios, viu na arquitetura a melhor forma de expressar seu compromisso prático com o universo natural, refletidos na aplicação de princípios ancestrais de construção, conservação e regeneração de recursos naturais, especialmente os consolidados pela Permacultura - sistema de design ambiental criado na Austrália nos anos 1970. Hundertwasser esteve no Brasil em duas ocasiões, entre 1959 e 1977, período em que o país sofreu transformações críticas. O legado deixado por Hundertwasser é incalculável. Embora seu corpo há muito descanse nu sob uma tulipeira na Nova Zelândia, dissolvido em mil nutrientes no seio da Terra, em total coerência com tudo o que foi em vida, entre nós sua memória - singular, multifacetada e multicolorida - continua a inspirar milhares mundo afora, e a contribuir para um planeta no qual a arte seja libertadora e a vida seja mais próxima de um 'paraíso na Terra'.