A ausência de espermatozoides em amostras coletadas de vítimas de estupro deixa uma lacuna quanto à determinação da autoria do delito e até mesmo quanto à tipificação do crime. Existe, no entanto, a possibilidade de que o material vaginal, nesses casos, apresente células de origem masculina. Na amplificação para STRs autossômicos em amostras com mistura de DNA com proporções superiores a 50:1, no entanto, o perfil genético do doador minoritário não é visualizado. Técnicas moleculares usando Y-STRs representam uma alternativa viável nesses casos. Com o objetivo de avaliar a amplificação efetiva de Y-STRs em amostras com mistura de DNA, foram analisadas 150 amostras sem espermatozoides coletadas de vítimas femininas de estupro. Verificou-se que em 43% dos casos selecionados foi detectada a presença de DNA de origem masculina. As amostras foram submetidas à detecção do antígeno prostático específico (PSA) e amplificadas para 16 Y-STRs. Os resultados obtidos mudaram a rotina do Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal, que passou a analisar geneticamente amostras coletadas de vítimas de estupro, mesmo na ausência de espermatozoides.