Este livro apresenta uma análise sobre os procedimentos de construção do "eu" na obra do autor francês Jean Cocteau, a partir de um corpus constituído pelo livro "A dificuldade de ser" (1947), por uma série de desenhos de autorretratos (1909-1917)e pelo filme "O testamento de Orfeu" (1959), com base nos conceitos de autobiografia, autorretrato e autoficção. Verificamos que, vistos como gêneros artístico-literários, tais conceitos apresentam vários pontos em comum e suscitam um grande debate, que passa, necessariamente, pelos estudos de Philippe Lejeune, Barbara Steiner e Jun Yang, Michel Beaujour, Pascal Bonafoux, Muriel Tinel, Serge Doubrovsky e Vincent Colonna, entre outros. Esse arcabouço teórico nos permitiu demonstrar como Jean Cocteau utiliza a sua vida como matéria-prima para a elaboração da sua obra, que transita na fronteira dos gêneros, ampliando as possibilidades de expressão do "eu" no desenho, na literatura e no cinema.