Topógrafo, engenheiro, poeta, dramaturgo, desenhista, crítico de arte e historiador. Estas são apenas algumas das facetas de Joaquim Cardozo. Há quem acredite que se tratava de um engenheiro calculista, que nas horas vagas, escrevia poesia. Mas não é o que percebemos quando lemos a sua obra poética. Era como um dos grandes poetas da nossa literatura ganhava a vida, calculando as estruturas de construções que suportassem as figurações das modernas cidades. Cardozo era um poeta preciso, que por meio da memória amistosa recupera sua velha cidade, pois era incapaz de se apaziguar com as mudanças que a desfiguravam. Recife: também cantada por Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto - marcada pelo rio Capibaribe e pelo cão sem plumas. O que diferencia Cardozo destes outros dois grandes poetas é ele ter sido alvo do voluntário esquecimento por parte de alguns críticos e historiadores da literatura. Mesmo assim, sua poesia continua cantando em versos, os caminhos que conduzem nossos sentidos à plenitude e ao dilaceramento da alma, de maneira serena, como convém a um grande artista da palavra, seguro de suas dimensões e desígnios.