No litoral de Pernambuco sente-se uma ideologia central nacionalista, velada mas ostensiva e opressora. Os cidadãos, sujeitos periféricos relativamente a esta ideologia central, negociam as suas identidades através de comportamentos expressivos diversos. O coco emerge no meu estudo como um caso no qual esta negociação politica se torna visível. A etnografia que desenvolvo é de carácter eminentemente colaborativo (Campbell e Lassiter 2015) ainda que em muitos casos, devido a medos profundos e outras razões, as vozes daqueles que comigo colaboraram se tenham feito sentir por meios que não dá palavras directamente registável. Centra-se pois num conjunto de sujeitos coquistas através das suas produções metafóricas, por vias discursivas e performativas. Na narrativa etnográfica que desenvolvo, surgem lugares e tempos vividos e lembrados que ganham peso estruturante na minha tese. A partir do encontro com os sujeitos praticantes e estudiosos do coco, o meu estudo seguiu a sua inspiração divina, em aspectos marcantes de religiosidade, e a sua acção humana, reprimida primeiro, expressa depois e finalmente reflectida.