O ponto central, portanto, a ser apresentado ao longo deste trabalho será o de como eventos jurídicos permitiram a confecção de discursos capazes de reinterpretar a Shoah de acordo com os desígnios de determinados atores políticos, respondendo, por sua vez, a contextos históricos específicos. Pôr a nação em perspectiva e consequentemente a política não implica na anulação, de nossa parte, da natureza moral ou humanista presente nestes casos. Simplesmente caracteriza-se por uma questão pouco levantada até então e desse "silêncio" formulamos nossa pergunta: em que medida os julgamentos do holocausto auxiliaram na cristalização de uma narrativa política da Shoah nos anos sessenta, (momento de edificação do Estado-nação), e nos anos oitenta, (período delicado de críticas internacionais às posturas nacionais israelenses)? O prisma usado para refletir em relação à nação serão dois julgamentos de criminosos de guerra. Ao selecioná-los buscaremos demonstrar como foi possível em Israel, em um determinado sentido, o auxílio prestado pelo Poder Judiciário na elaboração de um discurso ligado à identidade política nacional.