Em nossos dias há um interesse renovado pelas monstruosidades, que sempre foram consideradas o sinal de uma crise de identidade. Isto também é verdade para a função dos monstros nas ciências, afirmando que as monstruosidades sempre fizeram parte dos espaços aprendidos. A sua representação e a forma de lidar com eles representa, ao longo do tempo e nos mais diversos ambientes culturais, um termómetro muito sensível das evoluções e desvios históricos de cada espécie. Este volume trata da análise de dois monstros fictícios gerados pelo pensamento mítico e religioso, o Leviatã e o Beemote. O monstro é chamado a encenar a diferença, declinado na dimensão do grotesco e do ridículo. No entanto, no início da modernidade, o monstro reentra, pelo menos parcialmente, o discurso filosófico que se apresenta como uma metáfora no campo político, evocando inevitavelmente todas as suas definições mais negativas. O Leviatã representa o Estado e seu poder coercitivo, e o Beemote é seu antagonista, encarnando a desordem social e a guerra civil. A última parte do volume é então dedicada às recepções dos dois monstros bíblicos por excelência.