Este trabalho teve por objetivo analisar os usos e as formas de apropriação de uma biblioteca pública, localizada num bairro do subúrbio da cidade do Rio de Janeiro. A partir da observação direta e do trabalho de campo de caráter etnográfico, buscou-se evidenciar a dimensão dos conflitos advindos das distintas formas de representação e apropriação de um equipamento público de uso coletivo, num contexto periférico. O espaço em questão, por localizar-se no limite entre o bairro formal e a favela, se apresentou como um privilegiado locus de observação das distintas formas de apropriação não só do acervo literário disponibilizado como também das distintas práticas de uso do espaço e representações sociais em jogo, sobretudo, a partir das oposições entre bairro e favela, centro e periferia, público e privado, consumo de classe média e consumo popular, tecnoburocracia e ação "transbibliotecante" e, sobretudo, o silêncio e a "bagunça", que se manifestam em situações de exclusão e conflito, um ponto de observação e reflexão crítica das relações sociais ali vivenciadas cotidianamente.